
Chegou a época mais temida do ano letivo: aproximidade do final do ano!!!
Se você aluno ou se você mãe/pai com filhos com notas vermelhas no boletim escolar arrastadas até o 3o bimestre escolar, isto é, sem atingir os objetivos essenciais de pelo menos três componentes curriculares, as chances de reprova ultrapassam os 70%.
É difícil o aluno recuperar o que não conseguiu compreender durante todo o ano letivo de modo que o momento de aulas particulares, com raríssimas exceções, não fazem mais efeitos.
E não fazem efeitos pelo motivo de que todos os alunos estão exaustos, uma vez que atualmente a Matriz Curricular das escolas que oferecem, por exemplo, Ensino Médio, sobretudo, das particulares mas não só, são ABSOLUTAMENTE exaustivas.
Pensa em você estudando conteúdos de 23 (vinte e três) componentes curriculares! Isso mesmo, leu corretamente… 23 (vinte e três) conteúdos diferentes durante o ano todo!!! A meu ver, as escolas enloqueceram ! E o pior, essa é a Matriz Curricular encontrada na maioria das escolas do Ensino Médio que em si já é uma etapa chata da Educação Básica, uma vez que não faz mais sentido nos dias atuais pelo menos é o que acham os adolescentes.
Se o Ensino Fundamental apresenta, em regra, uma Matriz Curricular com 8 (oito) componentes curriculares, o que parece-me ser de um bom tamanho, agora são 23, 22 no Ensino Médio, uma vez que cada escola quer se destacar no mercado do ensino como a MELHOR, a MAIS FORTE, a blá,blá, blá… Resultado: alunos exaustos, depressivos e em pânico!!! Não à toa querem pular o Ensino Médio e ir direto para o Ensino Superior.
Vejamos uma matriz curricular do 1o semestre de um curso de Medicina da Unicamp:
Bases Moleculares das Células;
Bases Anatômicas do Corpo Humano I;
Bases do Desenvolvimento e dos Tecidos do Corpo Humano I;
Bases Funcionais do Corpo Humano I;
Prática de Ciências I;
Ações de Saúde Pública I;
Ética I;
Medicina e Saúde;
Total : 8 componentes curriculares 1o semestre. Em um ano, dobra isso, vai para 16 componentes curriculares
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Matriz Curricular de um Ensino Médio de escola particular durante o ano terá que estudar 23 componentes curriculares incluso aí os tais itinerários.
É uma adolescência pesada, arrastada de tantos afazeres, um verdadeiro desprazer na vida, porque é o dia todo confinados em um ambiente institucional, sem direito a levantar as pernas para o alto, deitar debaixo de uma árvore ou apreciar as nuvens que passam pelo céu.
Não há mais momentos de contemplação. Momentos macunaimas, de não fazer nada, simplesmente olhar o horizonte. Não há mais, pelo menos em grandes centros urbanos, o próprio horizonte para ser contemplado.
Desse modo temos adolescentes entupidos de remédios, sonolentos, tristes, pálidos e exaustos, uma vez que estudar se tornou uma enfadonha tarefa sem significado.
Diante deste contexto, o desempenho acadêmico sofre e se não atingir a tal da média dos 23 componentes curriculares é reprovado, muitas das vezes por décimos e terá que refazer tudo novamente, no ano seguinte.
Está sabendo disso?
É, camarada, hoje em dia as escolas particulares, “fortes”, “robustas”, “sérias”e voltadas para o mercado, reprovam seus alunos por 0,1 ou 0,2 contrariando o artigo 24, inciso V, alínea “a” da lei 9394/96 que diz textualmente:
V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
Qual o significado de faltar 0,1 (um décimo) para ser aprovado ? O que representa 0,2 (dois décimos) ou 0,4 (quatro décimos) ou até mesmo 0,5 (meio) de conteúdo que está a faltar e que supostamente não foi aprendido e que é essencial para que o aluno siga para o próximo ano ou para a faculdade?
Faça essa pergunta aos professores e aposte comigo: eles provavelmente não saberão responder, pois esse é o tipo de avaliação mecanicista e técnica que se apoia em aspectos quantitativos, contrariando as teorias pedagógicas sobre avaliação — as mais vanguardistas e inovadoras —, ainda que tenham sido escritas no século XX.
Sendo assim… agora é hora de acudir os alunos que foram reprovados de forma subjetiva ou injusta ou sem a observância da legislação de ensino. E por quê? Porque o aluno tem direito a ampla defesa e o contraditório, de modo que tem direito de contestar critérios avaliativos em instâncias escolares superiores.
E se contestar, será aprovado? Nem sempre, mas se o processo administrativo for rigoroso e garantista há uma boa possibilidade de reverter a reprovação, sobretudo se o aluno for reprovado em escola privada ou pública do Estado de São Paulo, uma vez que aqui temos ato normativo do Conselho Estadual de Educação que disciplina todo o processo de recurso.
Fica a dica!

Sou a Profa.Sônia Aranha, consultora educacional, bacharela em Direito,pedagoga, com mestrado em Educação pela Unicamp, atuando com direito do aluno com vistas a caminhos educacionais mais promissores.
Caso precise consultar-se comigo, entre em contato: saranha@mpcnet.com.br
Atenção!! A consulta ( tirar dúvidas, blá,blá,blá, não é gratuita, fica a dica! 🙂
Para consultar o meu currículo: Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/2146942491242468.








